Introdução
Com o lançamento do novo sistema de autorização eletrónica de viagem (ETA) do Reino Unido, o sector do turismo da Irlanda do Norte enfrenta um novo desafio. Em especial, os operadores registam cancelamentos de viagens, uma vez que os visitantes internacionais precisam agora de mais papelada para visitar a Irlanda do Norte. Consequentemente, Belfast sofreu um golpe, especialmente porque prospera com o turismo global.
O que é o regime ETA?
O sistema ETA do governo britânico exige atualmente que os viajantes sem visto solicitem uma autorização eletrónica antes da chegada. Em janeiro de 2025, foi lançado inicialmente para os viajantes não europeus. Mais tarde, em abril, o sistema foi alargado aos visitantes europeus (excluindo os cidadãos irlandeses).
Além disso, a taxa cobrada pelo governo para requerer uma ETA aumentou de 10 para 16 libras esterlinas numa única semana após o lançamento. Embora a sua intenção inicial seja aumentar a segurança nas fronteiras e modernizar o processamento de viagens, a ETA também teve impacto em Belfast.
Impacto do Titanic Belfast
Uma das atracções mais emblemáticas de Belfast, o Titanic Belfast, já perdeu quase 2.000 reservas devido às novas regras. É importante salientar que o Titanic Belfast é um íman para os turistas de todo o mundo, estando frequentemente entre os destinos mais visitados da Irlanda.
No entanto, atualmente, as viagens de grupo e os viajantes individuais estão a cancelar as viagens em vez de terem de se preocupar com os requisitos burocráticos adicionais. Consequentemente, muitos operadores referem que os itinerários transfronteiriços com origem na República da Irlanda estão a abandonar completamente a Irlanda do Norte.
Desafios do turismo transfronteiriço
Tradicionalmente, cerca de 70 por cento dos turistas estrangeiros que visitam a Irlanda do Norte chegam primeiro aos aeroportos da República da Irlanda.
Antes de 2025, os turistas podiam atravessar facilmente a fronteira aberta sem necessitarem de vistos ou de documentação de viagem adicionais. No entanto, com a ETA agora obrigatória, uma simples viagem de um dia a Belfast tornou-se um desafio burocrático para muitos visitantes.
Além disso, muitos viajantes europeus que dependem de bilhetes de identidade nacionais precisam agora de um passaporte para solicitar uma ETA. Consequentemente, as empresas de turismo estão a ajustar as rotas para evitar a Irlanda do Norte, prejudicando as empresas locais que dependem do turismo.
Respostas oficiais e do sector
Em resposta, a Ministra da Economia da Irlanda do Norte, Dra. Caoimhe Archibald, manifestou a sua preocupação com o rápido declínio do turismo.
Na sequência de reuniões em Berlim e nos Estados Unidos, a Comissária advertiu o Ministério do Interior de que as novas regras podem causar graves prejuízos económicos. Solicitou, nomeadamente, isenções para os viajantes transfronteiriços que entram na Irlanda do Norte vindos da República para fins turísticos.
Entretanto, a Diretora Executiva da Aliança de Turismo da Irlanda do Norte, Dra. Joanne Stuart, fez eco destas preocupações durante as recentes conversações do sector. Salientou que a ETA é agora um grande obstáculo para os turistas, especialmente os que não têm acesso fácil aos passaportes.
Assim, exortou o Ministério do Interior do Reino Unido a reconsiderar as políticas que poderiam, involuntariamente, isolar a Irlanda do Norte dos mercados turísticos
O que te espera em Belfast
Embora o novo sistema ETA do Reino Unido tenha como objetivo melhorar a segurança, é inegável que está a alterar os padrões de viagem em toda a ilha da Irlanda. Em particular, a cidade de Belfast, dependente do turismo, enfrenta agora uma forte recessão, uma vez que cada vez mais viajantes evitam a Irlanda do Norte para não terem de se preocupar com a complicada burocracia.
Se as autoridades não introduzirem rapidamente isenções, as atracções de classe mundial de Belfast, como o Titanic Belfast, poderão registar um declínio ainda mais acentuado no número de visitantes. É evidente que os líderes locais têm de agir rapidamente para proteger a economia do turismo da Irlanda do Norte de danos a longo prazo.
Foto de K. Mitch Hodge no Unsplash